Vai ter treta. Vai ter guerra. |
Guerra Civil estreou
há alguns dias, mas só hoje consegui assistir. Fui de turma, com a
mesma turma nerd e adorável que foi ver Star Wars Episódio VII, no
mesmo cinema do qual saí carregado de tantos orgasmos nerds. Dessa
vez não saí carregado aturdido após tantos orgasmos nerds... mas
saí pasmo com algo tão bom. Spoilers abaixo.
Ok, antes de mais
nada, vamos dizer algo: eu evito assistir trailers justamente porque
a maioria dos trailers acabam entregando a história só pelo que
vemos neles. E no caso de Guerra Civil, como eu li os quadrinhos, uma
coisa juntou com a outra e achei que tinha adivinhado boa parte da
trama básica do filme.
Eu estava errado.
Completamente errado.
Tipo, o trailer dá
a parecer que Steve Rogers (Capitão América) tenta proteger Bucky
Barnes (o Soldado Invernal, amigo de infância dele que foi capturado
pela Hydra e sofreu lavagem cerebral que o transformou em um soldado
máquina que não questiona ordens) porque o governo americano está
tentando usá-lo de bode expiatório pra acalmar o povo que questiona
os Vingadores devido à destruição de Era de Ultron. Aí, Steve se
rebela, Tony Stark (Homem de Ferro) decide pará-lo, e os Vingadores
se dividem. E uma cena em particular dá a parecer que o James Rhodes
(Máquina de Combate) morre, o que torna a guerra mais séria e os
divide (o que é análogo aos quadrinhos, aonde o Golias Negro
morre).
Nada. A. Ver. Fui
deliciosamente surpreendido. E adorei isso.
Tipo, o início do
filme já é uma cena de flashback do Bucky acordando como Soldado
Invernal em 1991, após ouvir uma sequência de palavras aleatórias,
e mandado em uma missão pra apreender um carro. Essa cena serve como
um refresco, pra se lembrar do Bucky, mas será importantíssima no
fim do filme.
Após isso, há a
cena de uma operação dos Vingadores, em que eles tentam apreender o
vilão Ossos Cruzados, participando Steve, Sam Wilson (Falcão),
Wanda Maximoff (Feiticeira Escarlate) e Natasha Romanoff (Viúva
Negra). De cara, já temos uma prévia do clima do filme: enquanto A
Era de Ultron era bem parecido com os outros filmes do Universo
Cinematográfico da Marvel (colorido, cheio de piadas), esse tem um
clima mais sério, mais com cara de uma autêntica operação
militar, diferente da operação do início de A Era de Ultron
(embora Sam faça uma brincadeira com a Natasha sobre o Redwing, a
navezinha motorizada que usa na operação). E termina de maneira
muito mais séria quando o Ossos Cruzados, após desestabilizar o
Steve mentalmente falando do Bucky, tenta se explodir, levando todos
ao redor. Wanda usa seus poderes pra conter a explosão, flutuar o
vilão pra fora do alcance de civis inocentes, mas não aguenta por
tanto tempo, de modo que ele explode e destrói um edifício,
causando uma catástrofe que tira a vida de inocentes. Ou seja, logo
de cara, temos os efeitos colaterais do trabalho dos Vingadores
esfregado bem na nossa cara. Nada como Os Incríveis, que faz isso de
maneira bem-humorada, com um cidadão processando o Sr. Incrível por
impedi-lo de cometer suicídio: aqui, temos destruição de verdade,
e pessoas sendo retiradas em macas, e pessoas mortas. Isso já abre
pra uma trama bem mais madura do que qualquer outra já colocada.
"Seu recalque bate no meu escudo e volta" |
Assim, cada um dos
Vingadores decide se assina essa tratado ou não. De um lado temos os
que aceitaram se submeter, o #teamstark com Homem de Ferro, Viúva
Negra, Visão e Máquina de Combate. Desse lado, mais tarde também
se une T'Challa, o Pantera Negra, o rei do país Wakanda, cujo pai
foi morto em um outro incidente explosivo que foi atribuído ao Bucky; e Peter Parker, o Homem-Aranha, que
é apenas um cuja identidade Tony descobre e “encoraja” a
ajudá-lo (o que me soou muito como chantagem, mas vamos chegar lá).
E do outro, temos os que não aceitaram, o #teamcap com Capitão
América, Falcão, Feiticeira Escarlate e Gavião Arqueiro, e mais
tarde também recrutam a ajuda de Scott Lang, o Homem-Formiga, que
havia tido interação com o Falcão em seu filme solo.
Mas antes de os
times realmente se formarem (ou seja, quando os membros do #teamcap
ainda estão decidindo se assinam o Tratado de Sokovia ou não), há
algo. Peggy Carter, a agente que foi interesse romântico do Steve no
primeiro filme do Capitão América (e que agora era uma velhinha com
Mal de Parkinson), morre, e Steve comparece a seu funeral. Esse é um
momento completamente emocionante, e o único spoiler que recebi do
filme (que não era em um spoiler, era mais um boato que circulava já
há meses). Lá, Sharon Carter, sobrinha de Peggy (também conhecida
como Agente 13, a agente que espionava o Steve em O Soldado Invernal,
e que nos quadrinhos é o maior interesse romântico dele), faz um
discurso incrível, sobre como Peggy sempre foi alguém que a
encorajou a lutar quando todo o mundo tentava impor o errado (pois
era uma espiã e diplomata em plena década de 40-50, época que o
machismo reinava muito mais que hoje). Pra falar mais sobre esse
trecho, tenho que esclarecer que existe uma série da Marvel chamada
Agente Carter, que é focada na Peggy após o Steve ser congelado
(que recomendo fortemente a todos, tem duas temporadas, e a primeira
está disponível no Netflix). Eu e minha namorada somos muito fãs
dessa série, e realmente, ela começou a chorar quando viu que Peggy
havia morrido, e com o discurso de Sharon. Pra quem conheceu
profundamente a Peggy, a personagem que já era incrível no primeiro
filme do Capitão América, e depois ficou mais incrível ainda em
sua série solo, é um soco nos feels. Pra ser sincero, esse foi o
único momento bom da Sharon, porque no geral ela ficou um bocado
artificial. Mas prossigamos, voltaremos na Sharon depois.
Aqui, o filme começa
a ficar mais maduro. Além de todos estarem com essa pesada questão
moral em mente, também é liberada uma foto que mostrava que o
responsável pela explosão do início do filme era Bucky (que estava
desaparecido desde O Soldado Invernal, mas aparentemente tendo
recuperado a consciência), e imediatamente é rastreado e um
esquadrão da SWAT é enviado pra sua casa. Isso foi algo meio
estranho, pois aparentemente Steve e Sam passaram dois anos
procurando pelo Bucky e não encontraram nada, mas agora o governo o
encontrou facilmente, mas deixemos isso de lado. Natasha conta a
Steve aonde encontrar Bucky, e ele vai até lá conversar,
descobrindo que Bucky não foi responsável pela explosão, mas que
isso não mudava as coisas, pois a equipe da SWAT não tinha intenção
de levá-lo vivo. Então, há uma emocionante cena de perseguição,
na qual também surge o Pantera Negra, procurando matar Bucky em
vingança pela morte de seu pai, até que finalmente Steve, Sam e
Bucky são presos.
Quando são presos,
o psicólogo que iria conversar com Bucky ativa um dispositivo que
corta a energia da cidade e repete as palavras aleatórias do início
do filme, transformando Bucky no Soldado Invernal, e mandando-o
atacar a todos. Porém, após uma nova sequência de fuga, em que
todos tentam parar Bucky, finalmente Steve o captura e o leva pra um
lugar isolado.
Esse é o ato
derradeiro que marca o inevitável conflito. Bucky revela que havia
esse comando hipnótico que o transformaria no Soldado Invernal, e o
tal psicólogo sabia, e que provavelmente iria atrás dos outros
Soldados Invernais criados pelo programa da Hydra. Mesmo que Steve
contasse, não ouviriam, e a burocracia do Tratado de Sokovia talvez
os impedisse de agir a tempo. Então... o conflito era inevitável.
E o conflito
acontece. Vingador contra Vingador. E também Homem-Formiga e
Homem-Aranha surgindo no combate. E combate de verdade: já vi muita
gente criticar o fato de chamarem de “guerra” um conflito com tão
poucos participantes, mas a verdade é que os impactos da guerra são
bem sentidos. Ninguém morre, mas tampouco os ferimentos são
engraçados como em Os Vingadores, em que Tony Stark cai do espaço e
brinca com os companheiros os chamando pra comer shawarma: eles caem
em batalha, e são presos, e são tratados como criminosos. Levados
pra uma prisão feita pra conter os piores assassinos. Rhodes leva um
tiro de raspão do Visão e cai, e fica tão ferido que desenvolve
paralisia parcial nas pernas. E quando Sam tenta chegar perto e se
desculpar, Tony o ataca em fúria. Começa com um conflito do tipo
“estamos discordando, mas caramba, por que estamos fazendo isso?”
pra um espírito frenético estilo “é matar ou ser morto”. As
consequências são pesadas. As cicatrizes são fundas.
Apenas
posteriormente, quando Tony enfim entende que o inimigo era o homem
que se disfarçou de psicólogo e tomou controle de Bucky, que uma
tentativa de reconciliação é feita. Mas... Zemo, o homem que
tramou tudo isso, que fez a explosão disfarçado de Bucky, que
ativou o controle hipnótico em Bucky transformando-o em Soldado
Invernal, que esperou no local aonde estavam os outros Soldados
Invernais, mostra um vídeo que revela que foi Bucky quem matou os
pais de Tony. E quando Steve admite que sabia disso, Tony se
descontrola e ataca os dois.
O Pantera Negra, que
estava perseguindo Bucky, ouve o que Zemo falou e entende que Bucky
não foi o
assassino de seu pai, então vai ver o vilão, que lhe
conta que teve o pai, a esposa e os filhos mortos no incidente de
Sokovia, e que sabendo que não poderia enfrentar os Vingadores de
frente, decidiu destruí-los.
"Para de me bater, Tony! Minha mãe se chamava Martha!" |
E... é o que
acontece.
No fim, Tony destrói
o braço metálico de Bucky, mas Steve finalmente derrota Tony,
embora poupando sua vida, e foge com Bucky. Mas... com isso, os
Vingadores estão completamente destruídos. Falcão, Feiticeira
Escarlate, Gavião Arqueiro e Homem-Formiga (que não era
tecnicamente um Vingador, mas lutou ao lado de Steve) estão presos.
Viúva Negra também passou a ser considerada uma criminosa por
fornecer informações ao Capitão América, e foge. Máquina de
Combate sofreu diversos traumas e está lentamente caminhando
(literalmente) para uma reabilitação após ter as pernas
paralisadas. E o Pantera Negra, após descobrir que o verdadeiro
culpado da morte de seu pai havia usado o Tratado de Sokovia para
colocar uns contra os outros, decidiu abrigar o Capitão América e
Bucky. Assim... os Vingadores não existem mais. Inteiros e operando,
temos apenas o Homem de Ferro e o Visão.
Ou seja... o vilão
concretizou seus planos. Destruiu os Vingadores. De dentro pra fora.
Ao fim do filme,
Steve escreve uma carta de desculpas a Tony, enquanto é implicado
que resgatou os Vingadores presos, o que abre espaço pra uma
continuação. Mas... para todo o mundo, os Vingadores não existem
mais. Seu símbolo, sua imagem, foi destruído.
O mal venceu.
O filme em si tem
uma trama muito mais madura do que qualquer outro filme do Universo
Cinematográfico da Marvel. Como foi dito, os heróis fazem piadas
aqui e ali, são irônicos, mas eles combatem, sofrem, se questionam
sobre a moral de suas ações, fazem o impensável. E sobretudo, é
realmente um filme sobre uma Guerra Civil. Todo o clima é de guerra,
e a história é assim. Não é como Batman Vs Superman, em que todo
o filme explicita um combate, um conflito, mas todos viram amiguinhos
pra combater o Apocalypse. Aqui, os heróis lutam. Sofrem. Caem. E
lutam. Até o fim. São divididos.
É uma guerra, em
sua própria escala.
E como toda
guerra... mesmo a vitória tem um gosto amargo.
Se é que houve
alguma vitória.
Cada personagem foi
caracterizado de maneira incrível. Apesar de ser um filme do Capitão
América, Robert Downey Jr. já disse que sente como se fosse seu
Homem de Ferro 4, e isso é bastante legítimo: cada personagem é
explorado e tem seu próprio momento.
O Capitão América
é o mesmo de sempre: o herói. Muita gente não gosta dele por ter a
imagem dele como o soldado americano fanático que segue seu país
sem questionar, mas esse filme, bem como muitos quadrinhos, acaba com
essa imagem. Steve Rogers não defende seu país sem questionar, ele
defende o ideal que seu país deveria seguir. Defende a justiça e a
liberdade. Mesmo em momentos que seu próprio país parece ir contra
isso, Steve defende esses valores. Ama a ideia de justiça de seu
país mais do que a justiça propriamente feita. E vai até o fim por
esses valores. Amparando cada um de seus amigos: seja Wanda e seu
complexo de culpa somado ao medo de seus poderes, seja Bucky e Sam,
seus amigos de sempre.
"Ai, ai, tá quente, tá quente, tá quente!!" |
Como as análises da
maioria dos personagens são praticamente uma colagem do que eles já
demonstraram em outros filmes, vou ser rápido com a maioria deles,
os que já tiveram bom aprofundamento nos outros filmes: apenas vou
falar as características que mostraram no filme, e em como foram bem
caracterizados (pois foram todos muito bem caracterizados).
A Viúva Negra,
estranhamente, é a “mãezona” do time. Da mesma maneira que, em
A Era de Ultron, ela que acalmava o Hulk, aqui se nota como ela sofre
mais que todos com essa divisão da equipe. E procura amparar todos,
mesmo estando do lado do Tony. Muito bem colocada.
A Feiticeira
Escarlate também foi explorada de maneira legal. Até então, ela só
tinha aparecido em A Era de
Ultron, mas aqui, foi bem mais
aprofundada. Ela lembra um pouco uma adolescente, insegura e sem
confiança nas suas capacidades, com medo da escala de seus poderes.
Vale lembrar que, nos quadrinhos, seus poderes são de dimensão
incomensurável (apenas com sua vontade, ela já chegou a tirar os
poderes de todos os mutantes da Terra em um momento de desespero), e
no filme, embora estejam nerfados, ainda transmitem essa sensação
que a fazem sentir uma bomba viva. E outra razão pra querermos dar
um soco no Tony é que ele a trata o tempo todo dessa maneira,
fazendo-a ficar trancada na base dos Vingadores com medo de que ela
faça mal a alguém. O filme todo ela é insegura, e sua relação
com o Visão é mostrada de maneira adorável (eles são um casal nos
quadrinhos, vale lembrar). Mas, acima de tudo... mostrando que ela
tem muito mais potencial. E que ela própria se apavora com isso.
"Me deixou de castigo na base? Agora vai ver." |
Gavião Arqueiro, em
A Era de Ultron, foi uma espécie de mentor pra Wanda e pro Pietro
(Mercúrio, que foi morto no mesmo filme), e aqui repete esse papel:
ele que retira Wanda da base dos Vingadores, pedindo pra que ela aja
e se imponha, ao invés de aceitar que a tratem como um monstro. É
um bastião moral da equipe, age como um tiozão sábio. Cumpre muito
bem seu papel.
Falcão, mesma
coisa. Sidekick do Capitão América, que está lá pra ele, o
ampara. Bróder. Do coração.
Máquina de Combate,
a mesma coisa, mas com o Homem de Ferro. Parece que pra ser líder de
um dos lados da Guerra Civil, é pré-requisito ter um negão gente
fina como seu bróder.
O Pantera Negra, pra
ser sincero, era tão obcecado com vingança que me irritou boa parte
do filme. Tipo, ele só aparecia pra pegar o Bucky, só queria o
Bucky, só lutava com ele, correu atrás dele de maneira obsessiva o
filme todo. Mas quando descobriu a verdade, revelou um lado solene
muito bom, e abriu boas perspectivas pra seu filme solo. Sem contar
que, né? Badass ao extremo.
O Visão é um caso
curioso. Minha namorada notou que ele lembra muito o Jarvis de Agente
Carter (pra quem não sabe, Edwin Jarvis era o nome do mordomo de
Howard Stark, um dos personagens principais de Agente Carter, e Tony
fez a inteligência artificial J.A.R.V.I.S. baseada nele, e em A Era
de Ultron, J.A.R.V.I.S. se tornou a consciência do Visão), e
realmente, a fleuma britânica, o jeito solene, os trejeitos meio
tímidos, o tornam legal e adorável, e o sentimento de proteção e
amparo que nutre pela Wanda abre portas pra um aprofundamento bonito
dessa relação. Porém, ao mesmo tempo, ele tem um poder
extraordinário dentro de si, e não esquecemos disso: ele tem uma
das Jóias do Infinito em sua testa, o que o torna mais poderoso até
que o Thor. E sobretudo, ele acredita na ordem. Então, temos um
personagem que é adorável e sério ao mesmo tempo. Acerto na mosca.
Namorada: Dude, se alguém continuar Team Iron Man depois de ver o filme, eu dou um tapa. |
Sharon Carter, como
disse, foi muito aquém do esperado. A Sharon dos quadrinhos era
badass ao extremo, uma das agentes em quem Nick Fury mais confiava,
mas aqui, ficou reduzida a dar ocasionais informações ao Steve. E
os dois desenvolvendo um romance que não foi construído de maneira
lá muito boa. Tem um momento que eles se beijam após hesitar muito,
e só o que pensamos desse momento é o Steve pensando “O que eu
faço? Eu quero beijar ela, mas ela é sobrinha do amor da minha
vida, mas ela está me ajudando, ela quer isso, e... ah, dane-se, vou
beijar ela, eu devo isso a ela pelas informações”. A cara que o
Sam e o Bucky fazem pro Steve quando veem isso é melhor do que a
cena em si.
Bucky Barnes era uma
incógnita em O Soldado Invernal, e aqui, ainda é. O filme todo gira
em torno dele e no que fazer com ele, mas a própria índole dele não
é bem mostrada. Como se ele estivesse confuso demais com tudo
acontecendo tão depressa, e se resumindo a seguir o Steve. É
badass, tem cenas de luta incríveis, mas deixa um pouco a desejar
como personagem. Entretanto, sua decisão final de se deixar congelar
até que consigam remover a sugestão hipnótica de sua mente revela
uma solidez de caráter boa, e abre perspectivas boas pro futuro.
Quem sabe?
Zemo não foi um bom
vilão, pra ser sincero. Suas motivações, embora sinceras, eram
rasas. Não lembra em nada o Barão Zemo dos quadrinhos. Mas foi um
elemento crucial para o enredo, e sobretudo interessante por sua
própria natureza meio simplória: ele não era o vilão, o mal a ser
combatido. Foi apenas um meio para a guerra acontecer. Foi apenas uma
ferramenta de trama. Não foi a ameaça. Ele em si não era profundo,
mas fez toda a profundidade do filme acontecer. Não acho muito legal
usarem o personagem Barão Zemo pra isso, não foi um vilão
propriamente dito, mas cumpriu seu papel de maneira magnífica. E,
como foi dito... destruiu os Vingadores.
E, por fim, a cereja
do bolo, o que todos estavam esperando...
Como todo fã do
Homem-Aranha, eu também tenho minha posição quanto ao melhor Peter
dos cinemas (Andrew Garfield pra mim), mas deve se dar a César o que
é de César. Tom Holland mandou muito bem. A abordagem do Aranha foi
muito semelhante à do Homem-Aranha da série animada Homem-Aranha
Ultimate: um adolescente fascinado e animado, que se empolga com tudo
ao seu redor. Algo não muito legal é que tem uma chantagem
implícita no modo como Tony Stark o convence a ajudar (contar sua
identidade secreta à Tia May), mas uma vez na batalha, está
perfeito. Não cala a boca, toda hora admirado de tudo que vê ao seu
redor, enquanto enfrenta Bucky, Falcão, Homem-Formiga, e outros
super-heróis já formados e experientes, parecendo mais um garoto
indo pra Disney pela primeira vez do que um soldado em uma guerra.
Mas o peso da guerra o atinge... quando ele finalmente é derrubado,
após ser derrotado pelo Capitão América, Tony vai até ele, e o
garoto reage freneticamente atacando ainda deitado no chão antes de
perceber que é o Tony, e está obviamente ferido e cansado, embora
ansioso pra ajudar. Crianças como essas são as mandadas para campos
de batalha, que morrem jovens e cheios de sonhos. Algo triste. Mas
que o torna incrivelmente humano. E suas cenas de ação, com
piruetas e teias, comentários animados e saltos, o fazem roubar a
cena. E a cena pós-créditos, que o mostra usam o Sinal Aranha, um
presente de Tony, abrem caminho pra um novo filme. Tom Holland está
de parabéns.
Então... Capitão
América: Guerra Civil é o filme mais maduro de toda a Marvel, que
traz questões sérias e um desenvolvimento extraordinário, abrindo
questões excelentes para filmes futuros. Fez tudo acontecer. E vale
muito a pena. Nota dez.
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