sábado, 30 de abril de 2016

Capitão América: Guerra Civil (2016) - A guerra é real, e o mal vence

Vai ter treta. Vai ter guerra.
Guerra Civil estreou há alguns dias, mas só hoje consegui assistir. Fui de turma, com a mesma turma nerd e adorável que foi ver Star Wars Episódio VII, no mesmo cinema do qual saí carregado de tantos orgasmos nerds. Dessa vez não saí carregado aturdido após tantos orgasmos nerds... mas saí pasmo com algo tão bom. Spoilers abaixo.
Ok, antes de mais nada, vamos dizer algo: eu evito assistir trailers justamente porque a maioria dos trailers acabam entregando a história só pelo que vemos neles. E no caso de Guerra Civil, como eu li os quadrinhos, uma coisa juntou com a outra e achei que tinha adivinhado boa parte da trama básica do filme.
Eu estava errado. Completamente errado.
Tipo, o trailer dá a parecer que Steve Rogers (Capitão América) tenta proteger Bucky Barnes (o Soldado Invernal, amigo de infância dele que foi capturado pela Hydra e sofreu lavagem cerebral que o transformou em um soldado máquina que não questiona ordens) porque o governo americano está tentando usá-lo de bode expiatório pra acalmar o povo que questiona os Vingadores devido à destruição de Era de Ultron. Aí, Steve se rebela, Tony Stark (Homem de Ferro) decide pará-lo, e os Vingadores se dividem. E uma cena em particular dá a parecer que o James Rhodes (Máquina de Combate) morre, o que torna a guerra mais séria e os divide (o que é análogo aos quadrinhos, aonde o Golias Negro morre).
Nada. A. Ver. Fui deliciosamente surpreendido. E adorei isso.
Tipo, o início do filme já é uma cena de flashback do Bucky acordando como Soldado Invernal em 1991, após ouvir uma sequência de palavras aleatórias, e mandado em uma missão pra apreender um carro. Essa cena serve como um refresco, pra se lembrar do Bucky, mas será importantíssima no fim do filme.
Após isso, há a cena de uma operação dos Vingadores, em que eles tentam apreender o vilão Ossos Cruzados, participando Steve, Sam Wilson (Falcão), Wanda Maximoff (Feiticeira Escarlate) e Natasha Romanoff (Viúva Negra). De cara, já temos uma prévia do clima do filme: enquanto A Era de Ultron era bem parecido com os outros filmes do Universo Cinematográfico da Marvel (colorido, cheio de piadas), esse tem um clima mais sério, mais com cara de uma autêntica operação militar, diferente da operação do início de A Era de Ultron (embora Sam faça uma brincadeira com a Natasha sobre o Redwing, a navezinha motorizada que usa na operação). E termina de maneira muito mais séria quando o Ossos Cruzados, após desestabilizar o Steve mentalmente falando do Bucky, tenta se explodir, levando todos ao redor. Wanda usa seus poderes pra conter a explosão, flutuar o vilão pra fora do alcance de civis inocentes, mas não aguenta por tanto tempo, de modo que ele explode e destrói um edifício, causando uma catástrofe que tira a vida de inocentes. Ou seja, logo de cara, temos os efeitos colaterais do trabalho dos Vingadores esfregado bem na nossa cara. Nada como Os Incríveis, que faz isso de maneira bem-humorada, com um cidadão processando o Sr. Incrível por impedi-lo de cometer suicídio: aqui, temos destruição de verdade, e pessoas sendo retiradas em macas, e pessoas mortas. Isso já abre pra uma trama bem mais madura do que qualquer outra já colocada.
"Seu recalque bate no meu escudo e volta"
Devido a essa tragédia, e à destruição em Nova Iorque (“Os Vingadores”), Washington (“Capitão América: O Soldado Invernal”) e Sokovia (“Era de Ultron”), é feito o Tratado de Sokovia, que regulamenta o trabalho dos super-heróis, fazendo-os obedecer exclusivamente à ONU.
Assim, cada um dos Vingadores decide se assina essa tratado ou não. De um lado temos os que aceitaram se submeter, o #teamstark com Homem de Ferro, Viúva Negra, Visão e Máquina de Combate. Desse lado, mais tarde também se une T'Challa, o Pantera Negra, o rei do país Wakanda, cujo pai foi morto em um outro incidente explosivo que foi atribuído ao Bucky; e Peter Parker, o Homem-Aranha, que é apenas um cuja identidade Tony descobre e “encoraja” a ajudá-lo (o que me soou muito como chantagem, mas vamos chegar lá). E do outro, temos os que não aceitaram, o #teamcap com Capitão América, Falcão, Feiticeira Escarlate e Gavião Arqueiro, e mais tarde também recrutam a ajuda de Scott Lang, o Homem-Formiga, que havia tido interação com o Falcão em seu filme solo.
Mas antes de os times realmente se formarem (ou seja, quando os membros do #teamcap ainda estão decidindo se assinam o Tratado de Sokovia ou não), há algo. Peggy Carter, a agente que foi interesse romântico do Steve no primeiro filme do Capitão América (e que agora era uma velhinha com Mal de Parkinson), morre, e Steve comparece a seu funeral. Esse é um momento completamente emocionante, e o único spoiler que recebi do filme (que não era em um spoiler, era mais um boato que circulava já há meses). Lá, Sharon Carter, sobrinha de Peggy (também conhecida como Agente 13, a agente que espionava o Steve em O Soldado Invernal, e que nos quadrinhos é o maior interesse romântico dele), faz um discurso incrível, sobre como Peggy sempre foi alguém que a encorajou a lutar quando todo o mundo tentava impor o errado (pois era uma espiã e diplomata em plena década de 40-50, época que o machismo reinava muito mais que hoje). Pra falar mais sobre esse trecho, tenho que esclarecer que existe uma série da Marvel chamada Agente Carter, que é focada na Peggy após o Steve ser congelado (que recomendo fortemente a todos, tem duas temporadas, e a primeira está disponível no Netflix). Eu e minha namorada somos muito fãs dessa série, e realmente, ela começou a chorar quando viu que Peggy havia morrido, e com o discurso de Sharon. Pra quem conheceu profundamente a Peggy, a personagem que já era incrível no primeiro filme do Capitão América, e depois ficou mais incrível ainda em sua série solo, é um soco nos feels. Pra ser sincero, esse foi o único momento bom da Sharon, porque no geral ela ficou um bocado artificial. Mas prossigamos, voltaremos na Sharon depois.
Aqui, o filme começa a ficar mais maduro. Além de todos estarem com essa pesada questão moral em mente, também é liberada uma foto que mostrava que o responsável pela explosão do início do filme era Bucky (que estava desaparecido desde O Soldado Invernal, mas aparentemente tendo recuperado a consciência), e imediatamente é rastreado e um esquadrão da SWAT é enviado pra sua casa. Isso foi algo meio estranho, pois aparentemente Steve e Sam passaram dois anos procurando pelo Bucky e não encontraram nada, mas agora o governo o encontrou facilmente, mas deixemos isso de lado. Natasha conta a Steve aonde encontrar Bucky, e ele vai até lá conversar, descobrindo que Bucky não foi responsável pela explosão, mas que isso não mudava as coisas, pois a equipe da SWAT não tinha intenção de levá-lo vivo. Então, há uma emocionante cena de perseguição, na qual também surge o Pantera Negra, procurando matar Bucky em vingança pela morte de seu pai, até que finalmente Steve, Sam e Bucky são presos.
Quando são presos, o psicólogo que iria conversar com Bucky ativa um dispositivo que corta a energia da cidade e repete as palavras aleatórias do início do filme, transformando Bucky no Soldado Invernal, e mandando-o atacar a todos. Porém, após uma nova sequência de fuga, em que todos tentam parar Bucky, finalmente Steve o captura e o leva pra um lugar isolado.
Esse é o ato derradeiro que marca o inevitável conflito. Bucky revela que havia esse comando hipnótico que o transformaria no Soldado Invernal, e o tal psicólogo sabia, e que provavelmente iria atrás dos outros Soldados Invernais criados pelo programa da Hydra. Mesmo que Steve contasse, não ouviriam, e a burocracia do Tratado de Sokovia talvez os impedisse de agir a tempo. Então... o conflito era inevitável.
E o conflito acontece. Vingador contra Vingador. E também Homem-Formiga e Homem-Aranha surgindo no combate. E combate de verdade: já vi muita gente criticar o fato de chamarem de “guerra” um conflito com tão poucos participantes, mas a verdade é que os impactos da guerra são bem sentidos. Ninguém morre, mas tampouco os ferimentos são engraçados como em Os Vingadores, em que Tony Stark cai do espaço e brinca com os companheiros os chamando pra comer shawarma: eles caem em batalha, e são presos, e são tratados como criminosos. Levados pra uma prisão feita pra conter os piores assassinos. Rhodes leva um tiro de raspão do Visão e cai, e fica tão ferido que desenvolve paralisia parcial nas pernas. E quando Sam tenta chegar perto e se desculpar, Tony o ataca em fúria. Começa com um conflito do tipo “estamos discordando, mas caramba, por que estamos fazendo isso?” pra um espírito frenético estilo “é matar ou ser morto”. As consequências são pesadas. As cicatrizes são fundas.
Apenas posteriormente, quando Tony enfim entende que o inimigo era o homem que se disfarçou de psicólogo e tomou controle de Bucky, que uma tentativa de reconciliação é feita. Mas... Zemo, o homem que tramou tudo isso, que fez a explosão disfarçado de Bucky, que ativou o controle hipnótico em Bucky transformando-o em Soldado Invernal, que esperou no local aonde estavam os outros Soldados Invernais, mostra um vídeo que revela que foi Bucky quem matou os pais de Tony. E quando Steve admite que sabia disso, Tony se descontrola e ataca os dois.
O Pantera Negra, que estava perseguindo Bucky, ouve o que Zemo falou e entende que Bucky não foi o
"Para de me bater, Tony! Minha mãe se chamava Martha!"

assassino de seu pai, então vai ver o vilão, que lhe conta que teve o pai, a esposa e os filhos mortos no incidente de Sokovia, e que sabendo que não poderia enfrentar os Vingadores de frente, decidiu destruí-los.
E... é o que acontece.
No fim, Tony destrói o braço metálico de Bucky, mas Steve finalmente derrota Tony, embora poupando sua vida, e foge com Bucky. Mas... com isso, os Vingadores estão completamente destruídos. Falcão, Feiticeira Escarlate, Gavião Arqueiro e Homem-Formiga (que não era tecnicamente um Vingador, mas lutou ao lado de Steve) estão presos. Viúva Negra também passou a ser considerada uma criminosa por fornecer informações ao Capitão América, e foge. Máquina de Combate sofreu diversos traumas e está lentamente caminhando (literalmente) para uma reabilitação após ter as pernas paralisadas. E o Pantera Negra, após descobrir que o verdadeiro culpado da morte de seu pai havia usado o Tratado de Sokovia para colocar uns contra os outros, decidiu abrigar o Capitão América e Bucky. Assim... os Vingadores não existem mais. Inteiros e operando, temos apenas o Homem de Ferro e o Visão.
Ou seja... o vilão concretizou seus planos. Destruiu os Vingadores. De dentro pra fora.
Ao fim do filme, Steve escreve uma carta de desculpas a Tony, enquanto é implicado que resgatou os Vingadores presos, o que abre espaço pra uma continuação. Mas... para todo o mundo, os Vingadores não existem mais. Seu símbolo, sua imagem, foi destruído.
O mal venceu.
O filme em si tem uma trama muito mais madura do que qualquer outro filme do Universo Cinematográfico da Marvel. Como foi dito, os heróis fazem piadas aqui e ali, são irônicos, mas eles combatem, sofrem, se questionam sobre a moral de suas ações, fazem o impensável. E sobretudo, é realmente um filme sobre uma Guerra Civil. Todo o clima é de guerra, e a história é assim. Não é como Batman Vs Superman, em que todo o filme explicita um combate, um conflito, mas todos viram amiguinhos pra combater o Apocalypse. Aqui, os heróis lutam. Sofrem. Caem. E lutam. Até o fim. São divididos.
É uma guerra, em sua própria escala.
E como toda guerra... mesmo a vitória tem um gosto amargo.
Se é que houve alguma vitória.
Cada personagem foi caracterizado de maneira incrível. Apesar de ser um filme do Capitão América, Robert Downey Jr. já disse que sente como se fosse seu Homem de Ferro 4, e isso é bastante legítimo: cada personagem é explorado e tem seu próprio momento.
O Capitão América é o mesmo de sempre: o herói. Muita gente não gosta dele por ter a imagem dele como o soldado americano fanático que segue seu país sem questionar, mas esse filme, bem como muitos quadrinhos, acaba com essa imagem. Steve Rogers não defende seu país sem questionar, ele defende o ideal que seu país deveria seguir. Defende a justiça e a liberdade. Mesmo em momentos que seu próprio país parece ir contra isso, Steve defende esses valores. Ama a ideia de justiça de seu país mais do que a justiça propriamente feita. E vai até o fim por esses valores. Amparando cada um de seus amigos: seja Wanda e seu complexo de culpa somado ao medo de seus poderes, seja Bucky e Sam, seus amigos de sempre.
"Ai, ai, tá quente, tá quente, tá quente!!"
O Homem de Ferro é o mesmo de sempre. Vou tentar me controlar ao máximo aqui pra não ofender os fãs do Tony, mas a verdade é que nesse filme (bem como em vários outros), ele foi um completo egomaníaco e meio hipócrita. Tony é um personagem interessante ao vermos como ele é levado pela emoção: ele se manifesta a favor do Tratado de Sokovia não por achar que era o certo, mas por se sentir culpado pelas mortes do incidente de Sokovia (que lhe foram lembradas pela mãe de uma das vítimas poucos instantes antes). Dava pra render uma análise inteira apenas sobre o Tony, mas por ora, vamos apenas dizer que Tony não é um líder, mas sempre acha que possui a capacidade de ser um. Tomando decisões baseadas na emoção e fazendo com que essas decisões afetem todos ao redor dele, assim que vieram as maiores crises de todos os filmes em que ele participou, com exceção de Vingadores (sua primeira armadura no primeiro Homem de Ferro, o Patriota de Ferro no segundo, ter dado seu endereço a terroristas no terceiro, ter criado Ultron e quase ter piorado as coisas se não fosse Thor interferir em Era de Ultron). E aqui é a mesma coisa. Tanto que, quando descobre que o Soldado Invernal matou seus pais (a missão dos primeiros minutos de filme), esquece tudo e tenta matar o Bucky e o Steve. Ou seja, Tony tem como seus principais defeitos o seu ego gigantesco (achando que suas decisões são sempre superiores, a ponto de precisarem ser seguidas por todos) e ser extremamente emocional (que comba com o defeito anterior e ferra tudo). Tony é um personagem interessante, e cumpriu bem seu papel, de maneira impecável. Mas não é um papel muito legal. E bem, melhor parar por aqui com o Tony, antes que ofenda os fãs do #teamstark.
Como as análises da maioria dos personagens são praticamente uma colagem do que eles já demonstraram em outros filmes, vou ser rápido com a maioria deles, os que já tiveram bom aprofundamento nos outros filmes: apenas vou falar as características que mostraram no filme, e em como foram bem caracterizados (pois foram todos muito bem caracterizados).
A Viúva Negra, estranhamente, é a “mãezona” do time. Da mesma maneira que, em A Era de Ultron, ela que acalmava o Hulk, aqui se nota como ela sofre mais que todos com essa divisão da equipe. E procura amparar todos, mesmo estando do lado do Tony. Muito bem colocada.
A Feiticeira Escarlate também foi explorada de maneira legal. Até então, ela só tinha aparecido em A Era de
"Me deixou de castigo na base? Agora vai ver."
Ultron, mas aqui, foi bem mais aprofundada. Ela lembra um pouco uma adolescente, insegura e sem confiança nas suas capacidades, com medo da escala de seus poderes. Vale lembrar que, nos quadrinhos, seus poderes são de dimensão incomensurável (apenas com sua vontade, ela já chegou a tirar os poderes de todos os mutantes da Terra em um momento de desespero), e no filme, embora estejam nerfados, ainda transmitem essa sensação que a fazem sentir uma bomba viva. E outra razão pra querermos dar um soco no Tony é que ele a trata o tempo todo dessa maneira, fazendo-a ficar trancada na base dos Vingadores com medo de que ela faça mal a alguém. O filme todo ela é insegura, e sua relação com o Visão é mostrada de maneira adorável (eles são um casal nos quadrinhos, vale lembrar). Mas, acima de tudo... mostrando que ela tem muito mais potencial. E que ela própria se apavora com isso.
Gavião Arqueiro, em A Era de Ultron, foi uma espécie de mentor pra Wanda e pro Pietro (Mercúrio, que foi morto no mesmo filme), e aqui repete esse papel: ele que retira Wanda da base dos Vingadores, pedindo pra que ela aja e se imponha, ao invés de aceitar que a tratem como um monstro. É um bastião moral da equipe, age como um tiozão sábio. Cumpre muito bem seu papel.
Falcão, mesma coisa. Sidekick do Capitão América, que está lá pra ele, o ampara. Bróder. Do coração.
Máquina de Combate, a mesma coisa, mas com o Homem de Ferro. Parece que pra ser líder de um dos lados da Guerra Civil, é pré-requisito ter um negão gente fina como seu bróder.
O Pantera Negra, pra ser sincero, era tão obcecado com vingança que me irritou boa parte do filme. Tipo, ele só aparecia pra pegar o Bucky, só queria o Bucky, só lutava com ele, correu atrás dele de maneira obsessiva o filme todo. Mas quando descobriu a verdade, revelou um lado solene muito bom, e abriu boas perspectivas pra seu filme solo. Sem contar que, né? Badass ao extremo.
O Visão é um caso curioso. Minha namorada notou que ele lembra muito o Jarvis de Agente Carter (pra quem não sabe, Edwin Jarvis era o nome do mordomo de Howard Stark, um dos personagens principais de Agente Carter, e Tony fez a inteligência artificial J.A.R.V.I.S. baseada nele, e em A Era de Ultron, J.A.R.V.I.S. se tornou a consciência do Visão), e realmente, a fleuma britânica, o jeito solene, os trejeitos meio tímidos, o tornam legal e adorável, e o sentimento de proteção e amparo que nutre pela Wanda abre portas pra um aprofundamento bonito dessa relação. Porém, ao mesmo tempo, ele tem um poder extraordinário dentro de si, e não esquecemos disso: ele tem uma das Jóias do Infinito em sua testa, o que o torna mais poderoso até que o Thor. E sobretudo, ele acredita na ordem. Então, temos um personagem que é adorável e sério ao mesmo tempo. Acerto na mosca.
Namorada: Dude, se alguém continuar Team Iron Man depois de ver o filme, eu dou um tapa.
O Homem-Formiga apareceu pouco, mas honrou o que foi mostrado em seu filme solo: o personagem engraçadão que ninguém leva muito a sério mesmo dentro da história, uma espécie de alívio cômico, mas que ao mesmo tempo é eficaz quando necessário (surtei um monte quando ele ficou gigante usando as partículas Pym).
Sharon Carter, como disse, foi muito aquém do esperado. A Sharon dos quadrinhos era badass ao extremo, uma das agentes em quem Nick Fury mais confiava, mas aqui, ficou reduzida a dar ocasionais informações ao Steve. E os dois desenvolvendo um romance que não foi construído de maneira lá muito boa. Tem um momento que eles se beijam após hesitar muito, e só o que pensamos desse momento é o Steve pensando “O que eu faço? Eu quero beijar ela, mas ela é sobrinha do amor da minha vida, mas ela está me ajudando, ela quer isso, e... ah, dane-se, vou beijar ela, eu devo isso a ela pelas informações”. A cara que o Sam e o Bucky fazem pro Steve quando veem isso é melhor do que a cena em si.
Bucky Barnes era uma incógnita em O Soldado Invernal, e aqui, ainda é. O filme todo gira em torno dele e no que fazer com ele, mas a própria índole dele não é bem mostrada. Como se ele estivesse confuso demais com tudo acontecendo tão depressa, e se resumindo a seguir o Steve. É badass, tem cenas de luta incríveis, mas deixa um pouco a desejar como personagem. Entretanto, sua decisão final de se deixar congelar até que consigam remover a sugestão hipnótica de sua mente revela uma solidez de caráter boa, e abre perspectivas boas pro futuro. Quem sabe?
Zemo não foi um bom vilão, pra ser sincero. Suas motivações, embora sinceras, eram rasas. Não lembra em nada o Barão Zemo dos quadrinhos. Mas foi um elemento crucial para o enredo, e sobretudo interessante por sua própria natureza meio simplória: ele não era o vilão, o mal a ser combatido. Foi apenas um meio para a guerra acontecer. Foi apenas uma ferramenta de trama. Não foi a ameaça. Ele em si não era profundo, mas fez toda a profundidade do filme acontecer. Não acho muito legal usarem o personagem Barão Zemo pra isso, não foi um vilão propriamente dito, mas cumpriu seu papel de maneira magnífica. E, como foi dito... destruiu os Vingadores.
E, por fim, a cereja do bolo, o que todos estavam esperando...
Peter Parker, o Homem-Aranha.
"CARA, EU TÔ LUTANDO COM OS VINGADORES!"
Como todo fã do Homem-Aranha, eu também tenho minha posição quanto ao melhor Peter dos cinemas (Andrew Garfield pra mim), mas deve se dar a César o que é de César. Tom Holland mandou muito bem. A abordagem do Aranha foi muito semelhante à do Homem-Aranha da série animada Homem-Aranha Ultimate: um adolescente fascinado e animado, que se empolga com tudo ao seu redor. Algo não muito legal é que tem uma chantagem implícita no modo como Tony Stark o convence a ajudar (contar sua identidade secreta à Tia May), mas uma vez na batalha, está perfeito. Não cala a boca, toda hora admirado de tudo que vê ao seu redor, enquanto enfrenta Bucky, Falcão, Homem-Formiga, e outros super-heróis já formados e experientes, parecendo mais um garoto indo pra Disney pela primeira vez do que um soldado em uma guerra. Mas o peso da guerra o atinge... quando ele finalmente é derrubado, após ser derrotado pelo Capitão América, Tony vai até ele, e o garoto reage freneticamente atacando ainda deitado no chão antes de perceber que é o Tony, e está obviamente ferido e cansado, embora ansioso pra ajudar. Crianças como essas são as mandadas para campos de batalha, que morrem jovens e cheios de sonhos. Algo triste. Mas que o torna incrivelmente humano. E suas cenas de ação, com piruetas e teias, comentários animados e saltos, o fazem roubar a cena. E a cena pós-créditos, que o mostra usam o Sinal Aranha, um presente de Tony, abrem caminho pra um novo filme. Tom Holland está de parabéns.
Então... Capitão América: Guerra Civil é o filme mais maduro de toda a Marvel, que traz questões sérias e um desenvolvimento extraordinário, abrindo questões excelentes para filmes futuros. Fez tudo acontecer. E vale muito a pena. Nota dez.

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